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300 mil trabalhadores a menos, um balanço da economia do Sul do país

Atualizado: 22 de mar. de 2022

Após fechar o ano com desempenho positivo, economia da Região Sul apresenta sérios desafios durante a pandemia.


Durante o ano de 2019, os três estados do Sul ampliaram sua economia, criando pouco mais de 140 mil vagas trabalho. O estado catarinense se destacou pelo crescimento de 10% vendas no varejo e a indústria paranaense ampliou sua produção em 5,7%, enquanto que a média brasileira esteve negativa. Apesar de não estar entre as líderes, a economia gaúcha acompanhou os demais estados no movimento de ascendência.


Já com três meses de pandemia, o cenário de crescimento que havia se desenhado, logo foi tomado por severas dificuldades de manutenção do emprego e da renda. Mais que o dobro do número de vagas criadas no ano anterior foram derrubadas pelas dificuldades do Coronavírus. Ao todo, as perdas no mercado de trabalho já somam 314 mil trabalhadores.


Entre os três estados, a economia paranaense tem sofrido menos que as demais. Os números do mercado de trabalho totalizam 91 mil trabalhadores a menos entre os paranaenses, enquanto que o Rio Grande do Sul já ultrapassou a faixa de 120 mil.


Impactos na Indústria


A explicação para essa diferença reside principalmente no desempenho da indústria nos estados. Com forte presença dos setores calçadista e têxtil, as indústrias de Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm quedas de 15% e 16% no ano, muito acima da média nacional, de 11,2%. Nestes dois setores, a diminuição do número de trabalhadores chega a 33 mil profissionais.


Para a pequena cidade de Mato Leitão, próximo a Lajeado, no Rio Grande do Sul, a crise se torna ainda mais dramática. Com pouco mais de 4 mil habitantes, o município teve quase 700 desligamentos na indústria calçadista, renda esta que seria destinada ao comércio local. Como reflexo, a arrecadação de ICMS no município já apresenta redução de 60% no ano.


Em Santa Catarina, a indústria calçadista de São João Batista também apresentou redução de 1,6 mil trabalhadores, o que representa quase a metade do total de colaboradores deste setor na cidade.


Os setores de produção de móveis, borracha e plástico e a indústria automotiva também estão entre as mais impactadas pela recessão atual. Tanto na Região Sul como no Brasil, a queda da produção de veículos no ano se encontra na faixa de 40%.


Redução nos Serviços e Turismo


Além dos impactos na produção, os efeitos da pandemia também causaram efeitos significativos nos serviços, especialmente naqueles ligados ao turismo.


Por representar maior fatia dos empregos, o setor de serviços perdeu próximos a casa de 200 mil trabalhadores com a pandemia. Dentre as perdas, um a cada quatro trabalhadores estava empregado em serviços de alojamentos ou de alimentação.


No caso de Bombinhas, cidade turística do litoral catarinense, a perda da força de trabalho foi superior a 20%, puxados principalmente pelas baixas em hotéis e restaurantes. A história se repete nas cidades de Gramado, Piratuba e Capão da Canoa.


Retomada do Comércio


Se existe algum lado positivo durante estes três meses de pandemia, ele com certeza está na ligeira retomada do comércio. Após uma redução de mais de 20% no volume de receita do varejo nacional em abril, o desempenho do último mês apresentou leve melhora, conduzindo o índice para -12%.


Já nos estados do Sul, a melhora foi mais significativa, com variação de -3,2% no Paraná, -4% em Santa Catarina e -7% no Rio Grande do Sul. Entre os varejistas, as vendas de Móveis e Eletrodomésticos voltaram a apresentar crescimento nos três estados. Em maio, as receitas advindas das lojas de materiais de construção também foram positivas para Rio Grande do Sul e Santa Catarina.


Em parte, esta retomada gradual do varejo sinaliza que a queda mais brusca na economia já passou, levando consigo grande parte da incerteza dos produtores e consumidores quanto ao cenário econômico brasileiro.


Na medida em que o equilíbrio da abertura econômica e das medidas de precaução avance, a retomada do varejo deve ser acompanhada pela indústria e pelos serviços, restabelecendo gradualmente os empregos perdidos.



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